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Petite Fleur

Petite Fleur

LE MONDE EST EN TRAIN DE DEVENIR UNE MERDE!

O título vai em francês, a lingua de "Charlie", para dar um ar mais culto ao tema e, para cheirar menos mal, acrescente-se-lhe um perfume YSL. Infelizmente, nada disso poderá alterar a repelência contida nesta triste realidade!

Pus-me a pensar - penso muito (é de graça..), vejo notíciários e leio jornais e revistas de todos os países cuja Língua conheço - e, depois de muito meditar cheguei à conclusão que já não vale de todo a pena pensar em termos de "Mundo", "Humanidade", "Universo"e outros conceitos que na sua vastidão envolvem uma imensidão de subsistemas através dos quais chegam às nossas vidas e nos dão cabo do sistema nervoso. 

A verdade é que já não vale, de todo em todo, a pena termos a pretensão de mudar o mundo e nem sequer a de alterar o que  nos vêm querendo fazer crer - os que julgam que mandam,  apesar de também eles estarem enganados...- que depende de nós. Já nada  depende de nós, seja qual for o "nós", há que tempos| A única coisa que podemos e devemos fazer é abstermos-nos de tudo aquilo que, em termos de justicações estatísticas, sirva para apoiar as breves e arriscadas ilusões de poder com que brincam alguns indivíduos e as cadeias de subserviência e ausência de escrupúlos que os apoiam.

Aquilo em que pensamos quando falamos de "mundo" está fora de todo e qualquer controlo, e aquilo a que assistimos é à busca feroz e incessante em que povos, raças, tribos, classes e instituições se empenham para encontrarem os seus caminhos e demarcarem as suas áreas.

Daí que a tão amada palavra "democracia" - um conceito que inocentemente os gregos inventaram e onde tem cabido tudo o que a contemporaneidade lhe tem querido meter dentro - comece a perder terreno em favor do "delivering", conceito mais inclusivo mas incomparavelmente mais difícil de promover em qualquer das suas várias vertentes. Resumindo: a globalização no seu melhor,  propondo-se como solução a um mundo onde tudo caminha em sentido contrário, em que as convicções de pertença estão cada vez mais presentes e arreigadas. Não vai dar! Ainda que seja a ONU a vendê-lo! Não vale minimamente a pena levar isto mais a sério do que às comissões de inquérito com que por cá a oposição entretem o tempo.

Outra coisa de que é urgente abstermo-nos é de tudo o que for feito para "as massas": programas de Tv, festivais, concursos, "futebóis", telenovelas, etc.. Tudo isso visa criar-nos preocupações fictícias que nos impeçam de pensar em temas que, se pensados, tornariam turbulentas "as massas" - reacção altamente improvável em povos de brandos costumes - e nos mantêm entretidos enquanto "eles" (sejam quem forem "eles"e pelo tempo que forem) se entretêm com o exaustivo jogo de nos enganarem a nós, se enganarem uns aos outros, enganarem-se a eles próprios.

No meio de tudo isto começa a ser importante ter em conta a "inteligência artificial" que, não sendo propriamente uma novidade - já se trabalhava nisso na Alemanha dos anos trinta e já está presente há muito em diversos utensílios mais ou menos sofisticados do nosso quotidiano, embora sem tão científico título - começa a assumir tarefas bastante mais "invasivas" nas nossas vidas, na medida em que pode ser utilizada por qualquer estúpido a quem sejam fornecidas instruções comportamentais que ponham a máquina a agir como gente.

O tema, que tem vindo a ser tratado com alguma preocupação em vários media, comporta riscos vários para populações indefesas e desconhecedoras dessa possibilidade. É o caso do acompanhamento de pessoas sós, doentes, idosos, pessoas de todas as idades com grande necessidade de interrelação, como os quase obsessívos frequentadores da web. Respostas psicologicamente estudadas para os diversos perfis e necessidades poderão ser automatisadas e, para o bem ou para o mal, viajarem pelo espaço sem que seja possível atribui-lhes uma responsabilidade pessoal. Estudado, ou escolhido, um determinado perfil é possível ganhar a confiança dessas pessoas através das respostas adequadas aos seus desejos ou preferências. Isto, parecendo não ter grande importância, pode ser altamente nocivo, inclusivamente no que respeita comportamentos sexuais com menores - é tão possível ser pedófilo através da net como em contactos físicos... - já que do discurso erótico ao discurso sexual vai uma ténue distância que as pulsões se encarregam de eliminar. Acresce que a coisa funciona, ainda que independentemente da imagem real, que ganha contornos ideais na imaginação do outro. Um moço atarracado, com o estomago a cair-lhe por cima do cinto ou uma rapariga despida do comum dos atractivos, podem ser jovens esbeltos e dotados de toda a espécie de atractivos para quem com eles se envolve numa relação que só é virtual devido à ausência sensorial, mas com uma intimidade que se solidifica e aprofunda, com todos os riscos que a habituação comporta. Abstenhamos-nos de amizades e "likes" com desconhecidos nas redes sociais.

Mais complicado, ou não menos perigoso, é o desenvolvimento celular da robótica que, teme-se, poderá acabar trabalhando contra os homens...como, aliás, tantas outras invenções subsidiadas pelos que têm capacidade financeira para o fazer e esperam por essa via dominar o mundo.

Aos drones, e às balas inteligentes que matam os homens mas poupam os edifícios, seguir-se-ão soldados/robot e outros do género que um dia darão aso a que se possa ser assassinado por um robot não identificado que não deixa impressões digitais nem sinais da íris, nem qualquer humano vestígio.

Posto isto creio que o que devemos fazer é vivermos como nos acostumámos a viver quando as nossas únicas ocupações eram a nossa vida e a dos nossos, quando a solidariedade se chamava caridade e ninguém fazia dela modo de vida, orientados pelas regras do Direito Consuetodinário, ouvindo as "nossas" músicas, sejam elas quais forem, mantendo os nossos hábitos de vida, especialmente os que não custam dinheiro, selecionando relações antigas, evitando confundir conhecimentos com amizades, e evitando até ao limite do possível a dependência das instituições, fontes de desorientação e descrença.

A privacidade - ao contrário do que se apregoa por razões de marketing comercial - é hoje o maior dos luxos! 

Não alimentemos mais ilusões sobre o mundo apregoado nos desejos, intenções e conselhos dos internautas! Nada daquilo existe, ou existe apenas como raridade. As pessoas que os enviam podem até acreditar neles mas está à vista que apenas uma infíma minoria os praticará.

A verdade é que os mais velhos não aprenderam nada com a História e os mais jovens podem até saber muito de informática e serem experts nas suas profissões mas desconhecem-na, porque a História vende mal e não gera lucros.

Num mundo assim só nos resta retirarmo-nos! E fazê-lo honrando a Vida, permanecendo no pleno gozo de tudo o que ela nos proporciona apesar da intervenção multiplicadamente negativa dos homens.

   

THE "SECOND LIFE"

Não faço ideia de quantas pessoas terão passado pela experiência de lhes ter saído na rifa serem escolhidos para parceiras da "Second Life" de alguém. Para os que não conhecem aqui vai o relato de uma experiência inesquecível vivida por uma pessoa que desconhecia a existência de tal "união".

Um protagonista de uma "Secon Life" é, segundo a minha experiência, "alguém"(?) que nos conhece suficientemente bem para entabular conversa interessante connosco e, parte infinitamente complicada, fazê-lo sob os mais variados nomes.  A única coisa que nos leva a identificá-lo como interlocutor é a sequência das conversas, a continuidade dos temas, o estilo. É, obviamente, alguém que nos conhece suficientemente bem para conhecer factos da nossa vida, gostos de literatura, música, a nossa opinião ou interesse por determinados temas, um mundo de coisas que mostra que é alguém do nosso círculo de relações. Faz-nos uma certa confusão que nunca se identifique mas o mistério traz também um certo encanto a uma conversa amável, solta e descomprometidas pelos temas que gostamos de comentar ou discutir. A coisa pode arrastar-se assiim, entre músicas, textos e poesias durante mais de  um mês. Até que de repente começamos a receber pelo meio textos com sugestões a roçar o indecente. Aí, como o estilo mudou e os nomes - às dezenas! - não nos dão qualquer pista, começamos por pensar que alguém entrou sem autorização no nosso espaço. A dúvida não dura muito tempo: os textos começam a rarear e a ser substituídos por imagens , umas absolutamente obscenas outras  imagens indescritíveis  a preto e branco onde sobressaem bocas escorrendo sangue, mulheres esfaqueadas. coisas de filme de terror à mistura com feitiçarias medievalescas. Por essa altura começamos a hesitar em abrir mas algo no diz que a pessoa é a mesma. A coisa complica-se quando o personagem nos comunica que passou por nossa casa às tantas da noite e que estavamos a "ouvir música de jazz numa luz difusa". Era verdade! Conclusão: o sujeito dos mil nomes não só nos conhecia como andava por perto. Não vou falar de suspeitas, que foram várias. Vou apenas dizer que, por tudo isto, e por ameaças que se seguiram quando comecei a exibir as minhas suspeitas, comecei a excluir partes. Adiante.

Não se imagina o que uma situação destas pode ter de incómoda! Porque não compreendemos como pudemos deixar-nos apanhar naquilo, porque começamos a ter uma necessidade premente de saber quem faz aquilo e como é possível usar aquela quantidade louca de nomes e andarmos nós no meio de tudo aquilo sem saber de quem se trata. O recurso foi, obviamente, o bloqueio sucessivo dos nomes com recurso à Microsoft. Tantos foram os bloqueios - terão ultrapassado o milhar.. - que "alguém" foi denunciado e bloqueado, ainda que possa ter acontecido haver pelo meio uma vitima inocente, talvez proprietário do computador de que o misterioso personagem se servisse.

Quanto ao acesso a tantos- mas tantos! - nomes não é complicado. Bastava que o/a personagem fosse administrador de inumeráveis grupos e comunidades que aparecem nas barras a convidar-nos, com temas mais ou menos aliciantes, a ingressarmos neles com o nosso endereço - Mais um... Se a pessoa tiver um grande núcleo de conhecimentos, se tiver conhecidos nos sites, se for de uma incrível criatividade na criação de grupos, estiver treinado na captação de nomes e, acima de tudo, se estiver acima de qualquer suspeita, o melhor mesmo é por o asunto num cofre na Torre do Tombo e esquecê-lo lá!. Para memória futura... E, quanto ao seu verdadeiro nome, o de raiz, só mesmo lá muito longe será  talvez possível encontrá-lo.

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