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Petite Fleur

Petite Fleur

THE "SECOND LIFE"

Não faço ideia de quantas pessoas terão passado pela experiência de lhes ter saído na rifa serem escolhidos para parceiras da "Second Life" de alguém. Para os que não conhecem aqui vai o relato de uma experiência inesquecível vivida por uma pessoa que desconhecia a existência de tal "união".

Um protagonista de uma "Secon Life" é, segundo a minha experiência, "alguém"(?) que nos conhece suficientemente bem para entabular conversa interessante connosco e, parte infinitamente complicada, fazê-lo sob os mais variados nomes.  A única coisa que nos leva a identificá-lo como interlocutor é a sequência das conversas, a continuidade dos temas, o estilo. É, obviamente, alguém que nos conhece suficientemente bem para conhecer factos da nossa vida, gostos de literatura, música, a nossa opinião ou interesse por determinados temas, um mundo de coisas que mostra que é alguém do nosso círculo de relações. Faz-nos uma certa confusão que nunca se identifique mas o mistério traz também um certo encanto a uma conversa amável, solta e descomprometidas pelos temas que gostamos de comentar ou discutir. A coisa pode arrastar-se assiim, entre músicas, textos e poesias durante mais de  um mês. Até que de repente começamos a receber pelo meio textos com sugestões a roçar o indecente. Aí, como o estilo mudou e os nomes - às dezenas! - não nos dão qualquer pista, começamos por pensar que alguém entrou sem autorização no nosso espaço. A dúvida não dura muito tempo: os textos começam a rarear e a ser substituídos por imagens , umas absolutamente obscenas outras  imagens indescritíveis  a preto e branco onde sobressaem bocas escorrendo sangue, mulheres esfaqueadas. coisas de filme de terror à mistura com feitiçarias medievalescas. Por essa altura começamos a hesitar em abrir mas algo no diz que a pessoa é a mesma. A coisa complica-se quando o personagem nos comunica que passou por nossa casa às tantas da noite e que estavamos a "ouvir música de jazz numa luz difusa". Era verdade! Conclusão: o sujeito dos mil nomes não só nos conhecia como andava por perto. Não vou falar de suspeitas, que foram várias. Vou apenas dizer que, por tudo isto, e por ameaças que se seguiram quando comecei a exibir as minhas suspeitas, comecei a excluir partes. Adiante.

Não se imagina o que uma situação destas pode ter de incómoda! Porque não compreendemos como pudemos deixar-nos apanhar naquilo, porque começamos a ter uma necessidade premente de saber quem faz aquilo e como é possível usar aquela quantidade louca de nomes e andarmos nós no meio de tudo aquilo sem saber de quem se trata. O recurso foi, obviamente, o bloqueio sucessivo dos nomes com recurso à Microsoft. Tantos foram os bloqueios - terão ultrapassado o milhar.. - que "alguém" foi denunciado e bloqueado, ainda que possa ter acontecido haver pelo meio uma vitima inocente, talvez proprietário do computador de que o misterioso personagem se servisse.

Quanto ao acesso a tantos- mas tantos! - nomes não é complicado. Bastava que o/a personagem fosse administrador de inumeráveis grupos e comunidades que aparecem nas barras a convidar-nos, com temas mais ou menos aliciantes, a ingressarmos neles com o nosso endereço - Mais um... Se a pessoa tiver um grande núcleo de conhecimentos, se tiver conhecidos nos sites, se for de uma incrível criatividade na criação de grupos, estiver treinado na captação de nomes e, acima de tudo, se estiver acima de qualquer suspeita, o melhor mesmo é por o asunto num cofre na Torre do Tombo e esquecê-lo lá!. Para memória futura... E, quanto ao seu verdadeiro nome, o de raiz, só mesmo lá muito longe será  talvez possível encontrá-lo.

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